Chega de tabus, precisamos falar sobre suicídio! No Brasil, a cada 45 minutos uma pessoa se mata, ou seja, cerca de 32 pessoas por dia tiram sua própria vida.
As estatísticas deixam de ser apenas números quando ganham nome. E o que parecia uma realidade distante, se aproximou. Há um ano, um amigo se suicidou. Em suas redes sociais ele parecia feliz, realizado com seu trabalho, com sua vida amorosa e com a trajetória que construiu até os seus, poucos, 34 anos.
Sem cartas, respostas ou rastros. Ninguém nunca descobrirá o verdadeiro motivo, o que se sabe até hoje é que o suicídio é apenas a ponta do iceberg. Descobrir as emoções e traumas que levam uma pessoa a tirar a sua própria vida é, sem dúvidas, a melhor forma de evitar o pior.
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As pessoas dão sinais e, quando estamos atentos, nós podemos identificá-los e ajudar quem está suplicando por ajuda, mesmo que em silêncio.
Suicídio, a verdadeira pandemia do século
Se no Brasil a média é alta, quando olhamos para fora os números são crescentes. A cada 40 segundos uma pessoa se mata em algum lugar do mundo. Anualmente, cerca de 10 a 20 milhões de pessoas tentam suicídio.
Embora as mulheres somem a maioria das tentativas, os homens são os grandes responsáveis pela elevação dos números. Isso porque procuram menos ajuda para suas questões emocionais, tendem a ter maior prevalência de uso de drogas e álcool, além de usarem meios letais mais agressivos.
A faixa etária com maior comportamento suicida é de pessoas entre 45 a 64 anos. Apesar da taxa nessa fase da vida ter aumentado recentemente, o verdadeiro motivo ainda não foi diagnosticado. Estudos e pesquisas sugerem que:
- Esses grupos, provavelmente, sofreram de depressão e transtornos na infância e adolescência.
- Os números representam maior número de suicídios nas forças armadas e em veteranos (20% dos suicídios compõem esse grupo).
- A taxa também reflete o aumento do uso de drogas com e sem prescrição e uma resposta à fraca economia.
O que faz uma pessoa tentar suicídio?
Apesar de parecer estranho falar sobre isso, pensar em suicídio faz parte da natureza humana. Esse pensamento pode vir a cabeça em muitos momentos da vida, por isso, identificá-los para confrontá-los e, definitivamente, eliminar o mal pela raiz é extremamente importante para uma vida saudável.
Os motivos que levam uma pessoa a tentar ou cometer suicídio são inúmeros. Geralmente, há uma necessidade extrema de aliviar sentimentos doloridos ou pressões externas vindas de cobranças do trabalho, culpa, remorso, depressão, fracasso, humilhação etc.
Vivemos em uma civilização que desvaloriza a vida. Descobertas, movimento, instabilidade, vulnerabilidade, desafios… A vida é cheia de altos e baixos e nós não conseguimos lidar bem com isso. A tendência é tentarmos controlá-la e manipulá-la ao invés de compreendê-la.
O sofrimento psíquico também faz parte da natureza humana, mas crescemos em uma sociedade que nos obriga a menosprezar ou diminuir nossas emoções e sentimentos, fazendo com que sejamos desumanos com nós mesmos. Tentamos suprimir ou medicalizar as nossas angústias, o que, muitas vezes, faz com que elas sejam somatizadas.
É importante saber que muitas das vezes, a tentativa de suicídio não parte de uma pessoa que tem problemas mentais. A situação, geralmente, acontece a partir de um momento crítico, resultado de uma crise de longa ou de pequena duração.
Como ajudar alguém que cogitou suicídio?
Segundo a OMS – Organização Mundial de Saúde – 90% dos casos de suicídio podem ser prevenidos, desde que existam condições mínimas para oferta de ajuda voluntária ou profissional.
Quando o sentimento de autodestruição aparece, as pessoas consideram a vontade de morrer mais forte do que a de viver. Encontrar apoio em pessoas e organizações dispostos a ouvir e compreender os sentimentos suicidas, fortalece as intenções de viver.
O caminho entre os primeiros pensamentos de suicídio até de fato tentá-lo, é relativamente longo e é nessa trajetória que devemos interferir. Acontece que, o preconceito com o sentimento do outro, o famoso “é frescura”, é uma das grandes barreiras que a pessoa encontra ao buscar ajudar. Isso porque, muitas vezes, as pessoas são convencidas de que um determinado problema é pequeno demais para gerar tamanhas consequências.
É importante estar atento aos primeiros sinais, que apesar de não existir uma cartilha pronta para identificá-los, é possível reconhecê-los quando somados: falta de interesse em se arrumar, cuidar da saúde, da higiene, falta de apetite, dificuldade em se relacionar em grupos, não ter vontade de ir à escola ou trabalhar, mudanças repentinas de humor, beber ou fumar mais do que o normal, fazer uso de drogas etc.
Se você conhece alguém que esteja passando por esse problema, vale seguir alguns conselhos para ajudar:
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Sem medo de tocar no assunto
Não tenha medo de tocar no assunto, dar o primeiro passo é fundamental. Diga que notou que seu amigo, paciente, cliente ou familiar está para baixo e isso tem te preocupado.
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Converse, insista
Saiba que essa é uma conversa difícil. O diálogo é primordial na prevenção do suicídio, é importante que a pessoa entenda que não está sozinha diante daquele desafio. Quem tem tendências suicidas, sente-se envergonhado por estar passando por essa situação, então procure não julgar. Demonstre empatia e solidariedade.
Uma forma de introduzir o assunto é questionar como a pessoa está se sentindo hoje. Usar a palavra “hoje”, faz com que a pergunta pareça menos assustadora, contribuindo para que a pessoa se sinta menos sobrecarregada com suas emoções.
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Seja um bom ouvinte
É preciso ser paciente, pode ser necessário inúmeras tentativas até que a pessoa se sinta confortável para se abrir. Não tente preencher todos os silêncios com conselhos, eles também são importantes.
Evite frases clichês como “amanhã é outro dia”, “tudo vai melhorar”, eles não surtem efeitos positivos. Fale menos e ouça mais, use abordagens respeitosas e carinhosas.
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Suporte às pessoas com comportamento suicida
O número de tentativas de suicídio é cerca de 20 vezes maior que o número de suicídio. Uma pessoa que já tentou se matar corre grandes riscos de passar por outras tentativas. Concentre sua atenção nas pessoas que já apresentaram comportamento suicida, tanto aquelas que já tentaram, como aquelas que apenas verbalizaram.
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Auxilie na busca por ajuda
Transtornos mentais devem ser diagnosticados por médicos e especialistas. Caso a pessoa possua alguma doença crônica, é importante buscar o tratamento correto. Ferramentas auxiliares também podem ser efetivas para o tratamento ou como apoio ao tratamento convencional.
O CVV, Centro de Valorização da Vida, também é um suporte importante nessa batalha. O centro realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat, 24 horas todos os dias.
Como a hipnoterapia pode ajudar?
A hipnoterapia é uma alternativa para potencializar o tratamento contra depressão ou outros problemas. Refere-se a uma atividade legitimada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP): Art. 1º – O uso da Hipnose inclui-se como recurso auxiliar de trabalho do psicólogo, quando se fizer necessário, dentro dos padrões éticos, garantidos a segurança e o bem-estar da pessoa atendida (Resolução CFP, Nº 013 de 20.12.2000).
Na hipnoterapia, são identificados os sentimentos que estão causando tamanho eco traumático. Possíveis eventos da infância ou adolescência que não foram digeridos ou resolvidos internamente, ou até situações mais recentes como separação, perda de um ente querido etc.
É necessário entender que o comportamento suicida é apenas um sintoma de um transtorno ou problema maior que aconteceu no passado distante ou recente e ficou registrado no subconsciente de maneira negativa.
Nosso subconsciente não consegue identificar o que aconteceu hoje, ontem ou há anos, por isso, a pessoa passa a agir e reagir em função desse sintoma. Sempre que o gatilho é disparado, ela se entristece e fica deprimida.
Encontrar a emoção primária, ou seja, o verdadeiro sentimento avassalador, o que chamamos de evento causador inicial, é a grande virada de chave para mudança de pensamento e de hábitos.
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Ressignificar o encontro com essas emoções permite que a pessoa tenha um novo entendimento a partir daquela situação. Reprogramar o mindset ajuda a remanejar os conflitos e encontrar soluções rapidamente. Ao trabalhar a dor emocional da pessoa, as chances de suicídio reduzem drasticamente.
Por fim, mas não menos importante, não subestime um suicida, toda pessoa que age contra sua própria vida, um dia fez essa ameaça.