Escrito por: Caroline Carvalho
Como as crenças são formadas
Você já se perguntou por que pensa da maneira que pensa sobre alguns assuntos? Porque age da maneira que age, mesmo quando acredita que deveria agir de outr
Enfim, por que você é do jeito que é?
Somo seres emocionais e precisamos nos sentir aceitos, isso é uma questão de sobrevivência, desde os mais remotos tempos aprendemos que seria mais fácil sobreviver, se andássemos em bando e seguíssemos o que a maioria considerasse certo, aqueles que desrespeitassem essas leis provavelmente não sairiam impunes. E isso reflete no nosso comportamento até hoje e é na maioria das vezes incentivado pela nossa sociedade.
A Chegada nessa existência
Então você nasceu, de um ventre que por algum motivo metafísico ou não estava definido para você, uma mãe e um pai que planejaram ou não essa nova vida, que desejavam ou não que você chegasse, aí você pode pensar, meus pais não me planejaram e por isso sou assim, um fracassado, que a vida nunca sorri, a culpa é dos meus pais. Ou então, meus pais sempre me limitaram, me diziam que eu não servia para nada, não fazia nada direito e por isso que minha vida é esse desastre.
Será?
Pode até ser, mas o que quero que você entenda aqui, que somos seres únicos e que não existe uma fórmula mágica ou matemática quando se trata de SERES HUMANOS.
Vou te dar um exemplo: Por que duas pessoas diferentes reagem de maneiras diferentes ao mesmo fato?
Uma pessoa que ouviu a vida toda que não fazia nada direito, pode ser um fracassado, mas também pode ter muito sucesso, afinal, na vida ele aprendeu que tem que provar seu valor com o sucesso dos seus atos.
Filhos de pais que não tinham um bom relacionamento podem ter vidas totalmente diferentes, alguns podem espelhar o relacionamento dos pais, outros podem espelhar o comportamento de um deles e ser o dominador, enquanto outro será o passivo da relação, outro não terá influência alguma e será muito feliz e realizado nos seus relacionamentos.
Ou seja, não existe regra!!!
Ou melhor existe a regra que mais te influenciará, a EMOÇÃO vivida por trás de toda essa experiência.
São as emoções que criam as crenças nas nossas vidas, podemos chamar essas crenças de aprendizados, e só aprendemos e criamos emoções capazes de nos moldar se há intensidade ou frequência dessas emoções.
Você pode ter tomado um “tapinha” de seus pais quando criança, mas foi num momento onde você não esperava, ou num momento em que causou vergonha, ou muita raiva por sentir que não merecia, e isso te tornar uma pessoa insegura no futuro, revoltada, violenta.
Ou você pode apanhar todo dia, mas aquilo ser uma questão tão natural que sua mente simplesmente aprendeu que é o normal, que era a maneira dos seus pais te educarem e num futuro só te trazer lembranças da naturalidade do ato.
Parece estranho, não é?
Mas não somos robôs, tão pouco seres racionais, somente reproduzimos ROTEIROS que são escritos durante nossos dias por aqui.
SOMOS SERES EMOCIONAIS!
Falando em crenças, quantas vezes não ouvimos frases como: A vida é dura para quem é mole; para sobreviver temos que matar um leão por dia; Dinheiro é sujo; se a vida te der um limão faça uma limonada; Mais fácil um camelo passar por uma agulha, que um rico entrar no reino do céu…
De tanto ouvir isso tudo (frequência), essas questões se tornam verdades para nós, e mesmo que inconscientes passamos a agir de acordo com essas premissas.
Se a vida é dura para quem é mole, posso me tornar uma pessoa dura, rígida, para que a vida não seja tão dura. Ou por ter uma “personalidade” mais sensível, sentir que tudo é muito difícil para mim, porque sou muito MOLE, ou nenhuma dessas alternativas, lembrem que nossa mente não é matemática e o que serve para um pode não servir para um milhão.
Todas essas crenças podem tornar nossa caminhada mais difícil, e só a auto-observação, o autoconhecimento e principalmente a AUTORRESPONSABILIDADE pode nos levar para caminhos diferentes.
Sim!!
Temos que conhecer e nos responsabilizar por nossas emoções para só assim conseguir mudá-las!!!
Um caso real na prática
Rebeca (nome fictício), 38 anos, uma profissional bem sucedida, bonita, inteligente, não conseguia se realizar em seus relacionamentos amorosos. Ora estava com alguém abusivo, ora com alguém muito passivo, ora com alguém que não queria um relacionamento “sério” e Rebeca sofrendo, pois gostaria de ter alguém ao seu lado que a fizesse feliz.
Um ponto muito importante dessa história é que Rebeca nunca desejou casar e ter filhos, dizia e afirmava para si mesmo que casamentos não dão certo NUNCA, porém, um dia, após alguns anos com esse sofrimento, decide que merece ser feliz e quer entender porque SENTE tudo isso, pois apesar de tentar mudar os pensamentos, as emoções de fracasso e inviabilidade de relacionamento sempre a acompanhavam.
Quando me procura e eu lhe pergunto qual a emoção que sente quando fala sobre isso, traz que é como se fosse um nó na garganta, que lhe faz muito mal e que não consegue entender. Durante a terapia ao buscar essa emoção em estado de hipnose, alguns momentos são trazidos à tona, o primeiro é ela e o irmão, aos 8 anos fazendo um juramento de “sangue”, de que NUNCA se casariam, esse juramento foi após seu pai, uma pessoa em quem confiavam muito, numa manhã levar os dois irmãos para passear e dizer que ia embora de casa, porque estava se separando da mãe deles.
“Mas como assim?”, perguntaram, porque segundo ela, os pais viviam bem e nunca deram nenhum sinal de que as coisas não estavam bem. Enfim, os pais se separaram, o pai iniciou um outro relacionamento, se distanciou um pouco dos 2 filhos e a vida seguiu.
Porém a emoção foi fundida na mente desses irmãos, e a promessa com toda sua emoção estava lá para Rebeca, e a equação que ela formou em sua mente mais profunda foi, CASAMENTOS NÃO DÃO CERTO NUNCA E PODEM ACABAR DA NOITE PARA O DIA, como para sobreviver evitamos mudar nossos aprendizados, um padrão acabou de ser formado nessa mente e Rebeca passou 30 anos de sua vida encontrando pessoas com as quais ela sabia que nunca teria um relacionamento mais duradouro.
Parece muito simples certo?
E é, nossa mente apesar de muito antiga ainda é pouco evoluída no quesito emoções, pois essas servem para criar os roteiros de nossas vidas, padronizar tudo e economizar energia agindo sempre da mesma forma, assim garantindo a sobrevivência da espécie.
Rebeca durante a terapia, entendeu, não conscientemente, mas através da transformação de suas emoções relacionadas, entendeu que seu pai e sua mãe eram seres humanos como ela, um homem e uma mulher com dores e desejos, que o que aconteceu nada tinha a ver com ela e seu irmão (a livrando da culpa), e que alguns relacionamentos podem dar certo e outros não, alterou a emoção relacionada a essa separação.
Com isso as respostas fisiológicas que tinha relacionadas ao gatilho RELACIONAMENTO, parou de justificar conscientemente tudo que lhe acontecia com bases nesses aprendizados e parou de ter compulsão por experiências semelhantes que lhe provavam que aquele aprendizado estava correto.
Criando a partir de agora outras experiências de vida, que como a ciência já prova, geram ligação entre os neurônios e que quando aprendemos algo novo permitimos outros processos sinápticos
No processo de “mudança” na terapia que realizo, há catarse, há regressão a causa espontânea (não é regra), há perdão, há cura da criança ferida, há vivência de outras emoções (para a mente não há diferença entre real e imaginário), mas há principalmente REEDUCAÇÃO DAS EMOÇÕES dessa mente mal-educada.
Rebeca atualmente vive um relacionamento onde se permitiu experenciar tudo que ele pode trazer, até as dores, afinal pode acontecer, mas o mais importante é seguir sabendo que tudo coopera para o nosso bem e para nossa evolução e somos os únicos responsáveis pelo que nos acontece, SEMPRE.
E seu irmão que passou pela mesma experiência não desenvolveu aversão por relacionamentos e sim uma insegurança e dificuldade de confiar em pessoas, o mesmo fato, interpretações das emoções completamente diferentes na vida prática, mas esse é um assunto para um outro artigo.
Caroline Carvalho