Para falarmos sobre as relações interpessoais na relação familiar é preciso, prioritariamente, ter o entendimento que somos seres biológicos, mamíferos e com consciência à frente, a realização dos nossos atos, o pertencimento ao grupo, segue sendo de extrema valia para a nossa sobrevivência, pois faz parte de nossa natureza.
É por meio do grupo que existe cooperação, troca, cuidados, dentre outros aspectos de uma dinâmica interrelacional. Inclusive, faz-se um adendo para relatar um pouquinho dos recorrentes atendimentos de hipnoterapia no qual as pessoas sentem um imenso vazio, sentimentos de angústia, tristeza, insegurança,
Além de dificuldade para realizar novos projetos, entre outros, que advém exatamente desse desequilíbrio da relação familiar.
Quando começamos a trabalhar os eventos que geraram esse padrão emocional, observamos pessoas que não se sentiram acolhidas, contempladas, gerando desconexão com a vida e falta de sentido para seguir em frente. Aqui, já podemos perceber que a relação familiar afeta diretamente o nosso equilíbrio emocional.
O contrário também ocorre, ou seja, o nosso equilíbrio emocional também afeta a relação familiar.
Uma vez que pertencemos a esse grupo, toda a dinâmica tende a entrar em desequilíbrio, porque externamos constantemente o que estamos sentindo. Pois, a ideia de autocontrole diante de nossas angústias, medos e aflições é totalmente finita, uma vez que nosso conteúdo emocional.
O subconsciente dita as nossas ações e a maneira como nos relacionamos conosco, com o outro e com o mundo.
Dessa forma, ao estar em desequilíbrio emocional, passamos a estar em conflito com a vida, vendo o mundo de uma maneira limitada e, depositando o “nosso lixo” no outro, sem perceber. Aí entramos no looping da famosa frase: “pessoas adoecidas, adoecem os outros”.
Exemplo prático
Podemos citar um pai ou uma mãe em desequilíbrio, gerando um ambiente de brigas e agressividade em casa, com uma criança em fase de desenvolvimento, absorvendo conflitos diversos e criando um padrão emocional pautado na dor.
É possível que essa criança, ao crescer, se depare com conflitos emocionais que também vão afetar a sua relação familiar, seja com o seu pai ou mãe (muitas vezes nutrindo, sem ao menos se dar conta, o sentimento de raiva e culpando-os por tudo que vivenciou).
Como também externando em seu parceiro e até mesmo futuros filhos toda a dor vivida, seja pela repetição do padrão. Ou seja, fazendo exatamente aquilo que aprendeu na infância, ou por viver em depressão, ansiedade e desconexão com a vida.
Entendendo que a relação familiar impacta diretamente a construção da nossa base emocional e o nosso emocional também afeta a maneira como nos relacionaremos nessa dinâmica.
Acontece exatamente o que eu adoro falar em todas as terapias que faço:
Alguém precisa quebrar o ciclo da dor
Seja lá o que você viveu, o que você passou e o que você está sentindo nesse momento, é muito necessário que exista a DECISÃO, de quebrar esse ciclo e buscar ajuda, por meio do autoconhecimento, reeducação emocional e consequente equilíbrio das emoções.
Um dos grandes erros que cometemos é achar que controlamos as nossas cargas emocionais, quando na verdade somos diretamente, constantemente e indubitavelmente guiados por elas. Dessa forma, ao invés de viver em conflito consigo e com os nossos, o melhor caminho é sempre buscar as respostas dentro de si.
Aprender a se conhecer, se acolher, compreender os fatores que estão em desequilíbrio, assumindo a responsabilidade pela nossa vida e oportunizando construir uma jornada mais prospera e equilibrada.
Uma das grandes razões pelas quais o desequilíbrio emocional impacta na relação familiar, é que projetamos as nossas angústias e desordens no outro. Isso é extremamente comum na hipnoterapia, encontrar queixas voltadas ao parceiro, seja no namoro, casamento, assim como na maternidade, paternidade, entre outros.
Contudo, enxergamos o outro e o mundo com o olhar construído a partir de nossas experiências. Já parou para pensar que as pessoas ao seu redor não necessariamente veem o mundo da mesma maneira que você?
Sendo você o resultado de tudo o que foi vivido, é importante que antes de apontar conflitos na dinâmica relacional, observe as suas próprias emoções para tomar decisões coerentes com a realidade vivida.
Afinal, quantas pessoas não jogam tudo para o alto, terminam relações, se afastam de entes queridos, mudam de emprego, moradia, até de pais e posteriormente se frustram porque percebem que seguem carregando todo o peso do desequilíbrio dentro de si?
Um caso real
Um outro atendimento que foi muito marcante, envolvia umas queixas da vida familiar e profissional. Na verdade, este cliente sentia que não conseguia prosperar trabalhando nos negócios da família, mas também não encontrava força para seguir em frente e construir uma nova realidade, como se algo o mantivesse preso ali.
No pré-talk, que é a parte da terapia no qual conversamos com o nosso cliente e alinhamos todas as suas questões, queixas e contextos vivenciados, pude perceber que existia uma atribuição exacerbada ao incômodo que sentia frente ao comportamento do pai e de sua esposa.
Na terapia, percebemos uma grande mágoa em relação ao pai, por conflitos vivenciados na infância. Ao resolvê-los internamente, esse cliente entendeu que não existia nada de errado no trabalho que ele tanto se queixava. Na verdade, a prisão era mental, esperando que o pai tivesse o acolhimento lá na fase da infância, gerando mágoa, raiva e cobrança.
A esposa, na tentativa de mediar os conflitos, acabava sendo impactada pelo estresse constante do marido, desequilibrando também o relacionamento afetivo. Por fim, a ideia inicial de fazer uma transição de carreira foi alterada.
A reviravolta
O cliente entendeu que não era o momento, pois muito tinha que contribuir para o negócio da família e o seu foco passou a ser voltado em prosperar nos negócios e se autoconhecer.
Pois, entendeu que era preciso se ofertar tudo aquilo que lhe faltou, agindo com autorresponsabilidade, o que para de atribuir culpa aos seus entes queridos. Assim, assume a sua vida, sai da posição de espera e desenvolve o equilíbrio emocional. Isso favoreceu também as suas relações na relação familiar.
E caso a escolha fosse diferente, ou seja, encerrar o ciclo nos negócios da família e iniciar uma nova jornada.
Esse cliente em equilíbrio com as próprias emoções, fica apto a fazer escolhas mais assertivas, alinhadas com os próprios valores, uma vez que trabalhou todo o caos que carregava dentro de si. O equilíbrio não é uma força imposta, já que não existe equilíbrio quando você acredita ter que viver se controlando, para segurar a sua raiva, dentre outras emoções diante do conflito.
O equilíbrio é o resultado de um processo de autoconhecimento, de desenvolvimento de recursos internos para compreender a si mesmo, lidando com as adversidades da vida com inteligência e coerência.
Influências externas na relação familiar
Muitas vezes é desafiador não projetar as nossas angústias no meio externo, seja culpando o outro ou coisas que acontecem no nosso cotidiano. Pois é certo que somos impactados pelo meio que estamos vivendo, contudo, precisamos entender que não existe como moldar o externo. Isto é, fazer com que as condições fiquem completamente favoráveis para o seu dia, como um engarrafamento.
Mas é importante saber que a resposta para essas adversidades pode ser trabalhada, que cada um, dentro de si, carrega recursos para agir e reagir de maneira alinhada com a sua perspectiva de vida. Assim, quanto mais se trabalha internamente, menos somos impactados negativamente pelos fatores externos.
Uma vez que se conhece o preço pago pelo adoecimento, a jornada mais sábia é sempre se comprometer com a própria história, zelando e cuidando da saúde emocional, sendo esta, uma das maiores riquezas para se adquirir nessa jornada da vida.
Chega um momento da vida que não é mais sobre o outro, sobre o que te fizeram, sobre o quão ruim pode estar o mundo à sua volta.
Agora é sobre você!
É sobre o que você vai fazer com tudo isso e qual a trajetória que irá construir para atingir uma vida cada vez mais equilibrada nos mais diversos meios, inclusive na relação familiar.
Espero que essa leitura te ajude a entender que existem caminhos e, todos eles, sem exceção, passarão pelo autoconhecimento com abertura, decisão e autorresponsabilidade. Você está pronto?
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Julianne Rossi
Professora / Hipnoterapeuta
@juliannerossi_